sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Retrospectiva Call of Duty - parte 1

Call of Duty é uma das mais bem sucedidas franquias na história dos videogames. Em novembro de 2009, os jogos da série já haviam vendido cerca de 55 milhões de cópias e arrecadado mais de US$ 3 bilhões no processo. E isso já faz 2 anos. O último lançamento da série, Black Ops, vendeu mais de cinco milhões de unidades apenas no primeiro dia, roubando de Modern Warfare 2, seu antecessor, o título de maior lançamento na história da industria do entretenimento.
A seguir a primeira parte de nossa saga Call Of Duty, dividida  por períodos históricos. No episódio de hoje, os " cofduty " que se passam durante a Segunda Guerra Mundial:
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CALL OF DUTY (Infinity Ward, 2003)

Plataformas: PC.
Vencedor de diversos prêmios de melhor jogo do ano, o primeiro trabalho da Infinity Ward empregava uma narrativa humana baseada na realidade para oferecer ao jogador uma experiência imersiva e emocionante nos horrores da guerra. Isso é facilmente notado, por exemplo, quando seu personagem morre: a cena sai de foco e uma citação histórica sobre surge no centro da tela, lembrando-lhe sutilmente que, apesar de divertida no contexto do jogo, a guerra traz a morte (mesmo que ela esteja acompanhada de frases de efeito fundamentais).
Ao contrário do que era típico nos jogos de tiro daquela época, em CoD você não controlava um único herói lutando sozinho contra hordas de inimigos. Pelo contrário, você era um simples soldado desempenhando um pequeno papel nos acontecimentos. O jogo fazia questão de lembrar isso ao encher o mapa com dezenas de companheiros controlados por inteligência artificial que você precisava acompanhar e apoiar durante a história: se você tentasse bancar o herói ou não trabalhasse em equipe, a morte era quase certa. Como na guerra de verdade, você precisava ser cauteloso, manter-se sempre atrás de alguma cobertura e planejar seu avanço passo a passo para completar seus objetivos.
Outro ponto alto do jogo era a possibilidade de controlar membros do exército americano, britânico e russo durante a campanha principal. As missões de cada país eram intercaladas e cada uma delas apresentava a visão específica de cada um em relação à guerra, através de personagens e diálogos muito bem trabalhados.
Referências históricas estavam por toda parte. Em uma das primeiras missões, por exemplo, você se encontra no vilarejo francês de Sainte-Mère-Église. No alto de uma torre de igreja, podemos ver um soldado pendurado por seu paraquedas. Isso é uma referência ao praça John M. Steele, que realmente ficou pendurado por horas no topo daquela igreja se fingindo de morto, até ser capturado e preso pelos soldados nazistas.
Batalha memorável: Stalingrado? A introdução ao segmento soviético da campanha é, ao mesmo tempo, assustadora e inspiradora, com generais do exército vermelho ameaçando matar qualquer soldado que der um passo na direção contrária do campo de batalha. Outro momento genial é quando você se encontra na mira de metralhadoras alemãs apenas com uma munição e sem nenhuma arma. Stalingrado foi uma das batalhas mais cruéis da segunda guerra mundial, tomando a vida de nada menos do que dois milhões de pessoas em seus oito meses de duração.
Curiosidades: É o único jogo da série que usa uma barra de vitalidade para representar o quão perto o jogador está de morrer e kits de primeiros socorros para recuperar vida. Todos os outros jogos seguintes utilizariam o sistema de regeneração automática: não há marcadores de “vida”, e você se recupera dos ferimentos com o passar do tempo.

CALL OF DUTY 2 (Infinity Ward, 2005)

Plataformas: PC, Xbox 360.
Se o primeiro Call of Duty foi responsável por criar uma nova perspectiva para os games de guerra, CoD 2 se encarregou de levar essa perspectiva para os consoles de última geração. Call of Duty 2 foi um dos mais bem sucedidos títulos de lançamento do Xbox 360, vendendo mais de 250.000 cópias na sua primeira semana. Pode parecer pouco se compararmos com as 5 milhões que Black Ops fez em seu primeiro dia, mas esse número era verdadeiramente impressionante para a época, sobretudo por se tratar de um console novo no mercado.
Em termos de estrutura de jogo e narrativa, não havia muitas novidades. Era a lógica de não mexer em time vencedor, e ela funcionou bem. A história ainda era intercalada entre os três principais exércitos aliados e a narrativa ainda era intensamente focada nas relações entre companheiros de batalha e suas amizades.
O grande diferencial de CoD 2 foi mover um pouco o foco da ação para o front africano da guerra, além de incluir mais missões no controle de tanques e aeronaves, o que adicionava mais variedade.
Batalha memorável: Em 6 de junho de 1944, começava nas praias da Normandia, na costa norte da França, a maior operação militar conjunta da história. Conhecida como Dia D, essa operação foi uma das grandes responsáveis pela vertiginosa queda de poder do eixo nazista que culminou na sua derrota em meados de 1945. Todos que assistiram à primeira cena do filme “O Resgate do Soldado Ryan” sabem como a invasão das praias foi brutal. Mas além de brutal ela teria sido um fracasso se não fosse pelo sacrifício dos Rangers Americanos em Pointe Du Hoc, batalha representada na primeira missão de CoD 2.
O objetivo dos Rangers era tomar posse da artilharia pesada dos alemães no desfiladeiro de Pointe Du Hoc, que poderia dizimar toda a ofensiva aliada nas praias caso não fosse controlada. Os soldados americanos tiveram de escalar o desfiladeiro com cordas improvisadas enquanto eram alvejados pelas incessantes metralhadoras dos soldados nazistas.  Dos mais de 250 americanos que invadiram Pointe Du Hoc, pouco menos de 90 estavam aptos para o combate ao fim do primeiro dia. O jogo representa esse massacre com diversos personagens controlados por computador morrendo à nossa volta.

CALL OF DUTY 3 (Treyarch, 2006)

Plataformas: Xbox 360, Xbox, PS2, Wii, PS3.





Primeiro jogo principal da série a são ser desenvolvido pela Infinity Ward, CoD 3 é considerado o pior jogo da série. Mas isso não quer dizer que ele seja ruim. A Treyarch, desenvolvedora responsável, apenas pecou em alguns aspectos que definiram a série, como a narrativa de alta qualidade e a variedade de ambientes a serem explorados.
Ao contrário de todos os outros jogos da série, Call of Duty 3 não se baseava em diversas batalhas durante vários períodos da guerra, mas sim na visão única de quatro exércitos em relação a uma única batalha: a Operação Falaise Pocket, último e decisivo embate na longa batalha da Normandia, que visava recuperar o domínio da França pelos exércitos aliados.
O foco em uma batalha única acabou enfraquecendo a narrativa do jogo. Em vez de momentos emocionantes e memoráveis, Call of Duty 3 trazia uma dose um tanto excessiva de melodrama e heroísmo barato por parte de seus pouco memoráveis personagens
Batalha memorável: Como já citado, a única batalha do jogo é a de Falaise Pocket, operação conjunta de diversos países para eliminar as frotas alemãs situadas à oeste do rio Sena e permitir que o exército aliado avançasse até Paris para retomar o domínio da França. Talvez a campanha mais memorável do jogo seja a canadense, graças a um dos únicos personagens bem caracterizados do game, o tenente veterano da primeira guerra mundial Jean-Guy Robichaud.
Curiosidades: Foi o primeiro jogo a representar a campanha do exército polonês na Segunda Guerra Mundial, e o segundo a representar a campanha canadense. Agora só nos resta saber se algum dia iremos ver representada em algum game a corajosa campanha brasileira, que conquistou importantes vitórias contra os italianos em batalhas como a de Monte Castelo.

CALL OF DUTY: WORLD AT WAR (Treyarch, 2008)

Plataformas: DS, PS2, PC, PS3, Wii, Xbox 360, celular.

World at War, antes mesmo de seu lançamento, já tinha um obstáculo complicado para seu sucesso, além da óbvia dificuldade de explorar o mesmo período histórico pela quarta vez. Pior ainda, o obstáculo era um jogo da própria série Call of Duty: ele se chamava Modern Warfare.
Lançado no ano anterior pela Infinity Ward, MW havia sido um sucesso absoluto de público e crítica, levando a grande maioria dos prêmios de melhor jogo do ano de 2007. Não estava fácil para World at War. Em primeiro lugar, ele estava sendo desenvolvido pela Treyarch, e todos se lembravam dela como a responsável pelo pior jogo da série até o momento, CoD 3.
Apesar de tudo isso, World at War foi o segundo game mais vendido de 2008. Não superou de forma alguma seu antecessor direto, mas foi, com certeza, uma melhoria se comparado ao Call of Duty 3.
A Treyarch teve a excelente sacada de destacar a pouco explorada batalha que os Estados Unidos travaram com o Japão pelo Oceano Pacífico. A inconsistência narrativa, maior ponto fraco da Treyarch nos jogos da série, também pode ser observada aqui, mas a mudança de cenário compensa a progressão confusa e fragmentada da história.
Batalha memorável: A batalha de Okinawa, uma das mais brutais do front do pacífico, mostra bem a rivalidade entre os exércitos americanos e japoneses, tão agravada pelo incidente de Pearl Harbor. Os império japonês, conforme perdia território da ilha de Okinawa para o exército dos Estados Unidos, incitava vilarejos inteiros a cometerem suicídios em massa para não caírem nas mãos dos americanos, que os japoneses alegavam ser estupradores e selvagens. Mais de 150 mil civis morreram na ilha de Okinawa.
Curiosidades: World at War talvez seja menos lembrado pela sua campanha principal do que por um modo de jogo especial – originalmente criado como uma brincadeira dos desenvolvedores – que se tornou inesperadamente popular: o Zombie Mode. O objetivo é sobreviver o maior número de dias possíveis em uma mansão abandonada que está cercada de zumbis nazistas. Matando os mortos-vivos arianos, você vai coletando pontos que podem ser trocados por armas e melhorias na fortificação de sua mansão.
Como você percebe, a série Call of Duty foi uma das principais responsáveis pela saturação da Segunda Guerra nos games. Mesmo tendo sido a guerra mais brutal e marcante da história da humanidade e uma das épocas mais ricas em acontecimentos do século XX, a quantidade abusiva de games sobre ela acabou cansando os jogadores.
A boa notícia é que a Infinity Ward percebeu esse esgotamento e partiu para explorar novas guerras. Mais lúdicos, porém não menos verossímeis, os jogos modernos da série iniciaram uma nova fase no gênero de tiro em primeira pessoa, especialmente em seu caráter social e cultural. Mas você vai saber mais sobre isso na segunda parte de nossa retrospectiva.

ATENÇÃO: Conteúdo retirado do site http://www.kotaku.com.br com algumas modificações.

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